terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Por US$ 0,01, porta-aviões enviado ao Brasil para apoiar golpe de 64 vira sucata

Folha de S. Paulo
 
Símbolo maior do apoio de Washington ao golpe de 1964, o porta-aviões USS Forrestal está prestes a virar sucata. Em outubro, a Marinha americana pagou US$ 0,01 à empresa All Star Metals para o desmonte, que levará 18 meses. 

O Forrestal era o maior porta-aviões americano quando entrou em serviço, em 1954. Dez anos mais tarde, em 31 de março, ainda mantinha esse título quando foi acionado para navegar ao Brasil em apoio ao levante militar. 

Neste mês, ele será rebocado da Filadélfia até o Texas, onde 150 trabalhadores transformarão os 325 metros do navio em ferro para reciclagem. 

O porta-aviões estava encostado desde 1993. A Marinha se dispôs a doá-lo para ser transformado em museu, mas ninguém se interessou. Em 2003, o porta-aviões foi retirado da doação e colocado para virar sucata, mas só no ano passado a Marinha conseguiu um acordo. 
 Foto: Divulgação

Segundo a empresa que fará o desmonte, o preço de US$ 0,01 foi calculado a partir do valor que será obtido com a venda do material reciclado. Com capacidade para 3.500 tripulantes, o Forrestal fazia parte em 1964 de frota enviada ao Brasil que incluía seis navios contratorpedeiros, um porta-helicópteros e quatro petroleiros. A operação foi batizada de "Brother Sam". 

Segundo o livro "A Ditadura Envergonhada", de Elio Gaspari, a frota, aprovada pelo presidente Lyndon Johnson, tinha como destino a região de Santos: "O governo americano estava pronto para se meter abertamente na crise brasileira caso estalasse uma guerra civil". 

Com a deposição rápida e quase sem resistência do presidente João Goulart, a frota deu meia-volta antes de chegar às águas brasileiras. A mobilização norte-americana só foi revelada em meados da década de 1970 pelo jornalista Marcos Sá Corrêa, ao encontrar documentos sobre o assunto na biblioteca de Lyndon Johnson. 

Nos EUA, o Forrestal é mais conhecido por um incêndio que matou 134 homens em 1967, no Vietnã. Um dos sobreviventes é o ex-candidato presidencial John McCain.

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